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Mulher-Maravilha completa 80 anos

por Beatriz Quintas, Maria dos Santos e Vitor Xavier

Declarada como o ‘Dia da Mulher-Maravilha’, esta quinta-feira (21) será especial para os fãs da amazona mais conhecida do planeta, que chega aos 80 anos de seu lançamento consagrada como símbolo de força e emancipação feminina.

Criação do psicólogo e escritor William Moulton Marston, a personagem teve sua primeira aparição em 1941, na revista “All Star Comics #8”. Seu sucesso foi tamanho que, em menos de um ano, assumiu o posto de protagonista da própria publicação.

Estreia solo da Mulher-Maravilha Ícone de força e independência, a Mulher-Maravilha liderou o enredo da Sensation Comics em janeiro de 1942 ; acima a capa da revista. (Créditos: DC Comics/ Jon L. Blummer e Harry G. Peter)

Com raízes na mitologia grega, Diana Prince é uma guerreira nata, dotada de poderes pelos deuses e treinada desde a infância para ser a campeã de uma sociedade composta apenas por mulheres. Sua compaixão, todavia, a leva a lutar pela paz no “mundo mortal”, em defesa da tolerância e da não-violência.

Integrando a trindade dos maiores super-heróis da editora DC Comics, ao lado de Batman e Super-Homem, a concepção da “princesa de Themyscira” abriu caminhos para uma maior representatividade no universo dos gibis.

“Por abraçar valores como o amor, a justiça e a busca pela verdade, seu apelo entre o público feminino sempre foi muito significativo. Deste modo, ela inspirou a criação de diversas personagens do gênero que vieram depois”, explica Daniela Marino, integrante do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA/USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo).

No entanto, o papel desempenhado pela Mulher-Maravilha não a impediu de ser alvo de críticas, tornando-se a personagem que mais sofreu alterações nas HQs.

Wonder Woman, número 204 Em plena ascensão dos movimentos feministas, nos anos 60, a trajetória da amazona teve uma reviravolta com a perda voluntária de seus poderes. (Créditos: DC Comics/ Dick Giordano, Don Heck e Gaspar Saladino)

DOS QUADRINHOS ÀS TELAS

Ao longo desses 80 anos, diversos rostos já deram vida à heroína em adaptações para séries, desenhos animados e longas metragens.

A primeira tentativa de realizar um live action foi em 1974, com Cathy Lee Crosby interpretando uma agente do governo americano. A produção da ABC TV deveria ser o piloto de uma série em potencial, porém características marcantes não foram adotadas, o que barrou sua continuidade.

Um ano depois, a ex-Miss dos Estados Unidos, Lynda Carter, estreou como Diana Prince em “Wonder Woman”. Mais fiel ao material de origem que seu antecessor, provou ser um sucesso de audiência, com três temporadas exibidas.

Após um longo período sem a aparição de uma nova Mulher-Maravilha, a ideia de um filme só dela começou a ser cogitada. O projeto tomou a forma de uma série que seria estrelada por Megan Gale em 2009, mas seu cancelamento afastou a super-heroína das telas mais uma vez.

A volta da personagem também chegou a ser ensaiada sem sucesso em 2011, na minissérie “Flashpoint: Wonder Woman and the Furies”, com Adrianne Palicki interpretando a heroína. No mesmo ano a DC reformulou seus maiores personagens, incluindo a aniversariante em questão, que teve suas origens mitológicas aprofundadas.

Finalmente, em 2016, o público pôde redescobrir a amazona na estreia de Gal Gadot em “Batman vs. Superman”. Resultado da ampla aprovação e críticas positivas, a Mulher-Maravilha ganhou seu filme exclusivo um ano depois, conquistando de vez seu espaço nos cinemas.

LEGADO NA VIDA REAL

A chegada de Diana ao mundo dos heróis revolucionou a visão sobre o gênero, sempre dominado por homens. Desde o início, a personagem transparece não só a imagem de uma mulher com poderes, mas a luta incansável por seus direitos.

Mesmo após tantas décadas de sua criação, a personagem segue como uma grande referência também fora das telas. Segundo a cosplayer Beatriz Noronha, mais conhecida como Nuno, a admiração se deve ao fato de a personagem continuar sendo protagonista da própria história.

“Apesar de tantas mudanças ao longo do tempo, sempre aliadas aos valores e comportamentos da nossa própria sociedade, a mensagem principal da Mulher-Maravilha continua a mesma: mostrar que somos capazes e donas das nossas próprias vidas”, completa.